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METODOLOGIA

O Grupo Corpo Molde, nasceu em 2013, dentro do território do Campo Limpo localizado na Zona Sul de São Paulo, por meio do bailarino Renan Marangoni. O grupo possui em sua essência a iniciação de jovens artistas na linguagem artística da dança e teatro, pelo qual os intérpretes-criadores passam por diversas aulas em seu processo de formação para construção de um "corpo-espetáculo". Atualmente os(as/xs) parceiros(as/xs) da cia, são: Rodrigo Cândido (Dança Contemporânea e Ensaiador), Fernando Cartago e Jakeline Lima (Interpretação e Provocação Cênica), Cris Yonezaki (Planejamento de Carreira e Facilitadora de Comunicação e Emocional), Tatiane Santos (Técnicas Acrobáticas e Assistente de Direção), Renan Marangoni (Dança Contemporânea e Danças Brasileiras - que também assina a Direção e a Coreografia da companhia), todes compõe o núcleo formativo do grupo Corpo Molde, são voluntários que atendem as necessidades corporais e culturais para ampliação de vocabulário artístico dos intérpretes-criadores.

 

Ao decorrer de seus 10 anos de atuação, o grupo realizou a montagem de 8 espetáculos, 6 projetos de integração de criação com parceiros e 6 ações, entre elas de projetos de intervenção, eventos multiculturais, cursos e programas de apresentação virtual e uma montagem de documentário abordando a linguagem do campo da pesquisa da performance, no qual algumas abordagens foram de Danças Tradicionais/Clássicas Brasileiras, Circense e Carnavalesca. No ano de 2015 o grupo foi contemplado pelo Edital VAI-I com o projeto “Expansão Corpo Molde”, em 2016, foi contemplado pelo edital VAI-II, pelo projeto “Ausência”. Já em 2020 o grupo foi contemplado em parceria com a Pin Rolê Invenções com o Projeto “Bambaquerê”, via PROAC- Expresso LAB, por meio da Lei Aldir Blanc e no ano de 2021 foi contemplado pela 30ª edição do Fomento à Dança da Cidade de São Paulo, em parceria com a MoviCena Produções Artísticas, para a execução do Projeto "Sapiens" que aconteceu em 2022 no ano de 2023 foi contemplado pelo Projeto "FRONTEIRA- O dia que o mar definiu a liberdade", na 34ª edição do Fomento à Dança da cidade de São Paulo,promovendo o espetáculo "DJOVENSKI", ambos (projeto e espetáculo), sendo indicados ao Prêmio APCA de Dança no 1° Semestre de 2024, na categoria Prêmio Técnico- Cenografia por Rager Luan e projeto por Difusão da linguagem da Dança. Em 2024 o Grupo Corpo Molde, promoveu a Residência Artística- "O Chão que a gente pisa" na São Paulo Escola de Dança. 


No ano de 2020, durante a pandemia, o Corpo Molde passou por um processo de reformulação de sua identidade visual, de reestruturação de pesquisa para criação artística e também de seu propósito de atuação, compreendendo que seu trabalho enquanto grupo, poderia ser algo maior, algo “além de uma companhia de dança”. A partir desta provocação que a pandemia nos trouxe, acabamos reformulando os nossos estudos e principalmente definindo a nossa identidade de trabalho, consolidando 6 pilares para atuação da companhia: FORMAÇÃO, ARTE & CULTURA, POLÍTICAS PÚBLICAS, HISTÓRIA & MEMÓRIA, SAÚDE E BEM-ESTAR, ATUAÇÃO SOCIAL E SUSTENTABILIDADE.

FORMAÇÃO | Pilar principal do Corpo Molde desde de seu início de pesquisa corporal, a formação se baseia na metodologia da CCM- Cultura Corporal do Movimento. Neste pilar compreendemos que para falarmos de movimento é necessário também obter o conhecimento da cultura do território, levando em consideração seus costumes estabelecidos da região de impacto (sendo o seu processo de corporificação). Visamos que dentro da Dança esse dinamismo é dado pelas ações e proporções do movimento do corpo, estabelecendo condições e possibilidades para que o intérprete em processo formativo repense o seu movimento como ferramenta crítica, não só constituindo a coletividade, mas também potencializando a sua autonomia, aperfeiçoando o seu olhar estético enquanto protagonista de suas ações e valorizando a sua história e seu conhecimento.

O Grupo Corpo Molde em seu desenvolvimento, usufrui de uma linguagem específica e nova no campo de estudo, chamada de CCM (Cultura Corporal do Movimento) que apesar de não ser uma linguagem artística, ela está ligada ao campo da Educação Física e  acreditamos que esta linguagem condiz  muito com o processo pedagógico e de estudos do grupo.

“A CCM – Cultura Corporal do Movimento, é o objeto de estudo da Educação Física. O movimento corporal humano, é sua principal forma de manifestação. Se em matemática, literatura, biologia, predominam habilidades racionais e intelectuais, na CCM, predominam as habilidades corporais e motoras, as competências sensitivas. Não qualquer movimento, porém movimentos que revelam um significado simbólico, intencional, mas modelos de utilização do corpo humano, criados a fim da funcionalidade natural e  determinismo simbólico.” 

(Gaya, 2013)
 

Desta forma, o Grupo Corpo Molde, compreende que para falarmos de movimento é necessário também obter o conhecimento da cultura do território, levando em consideração seus costumes estabelecidos da região de impacto. Visamos que dentro da Dança esse dinamismo é dado pelas ações e proporções do movimento do corpo, estabelecendo condições e possibilidades para que o intérprete em processo formativo  repense o seu movimento como ferramenta crítica, não só constituindo a coletividade e autonomia como também seu protagonismo em suas ações valorizando a sua história e seu conhecimento. A partir deste ponto, o Grupo Corpo Molde estabelece o conhecimento técnico de experiência da Reeducação do Movimento (linguagem de estudo do diretor e coreógrafo Renan Marangoni), para as criações do espetáculos do grupo, entendendo o corpo de nossos intérpretes-criadores como grande fonte de desenvolvimento artístico e potencial, utilizando como fio condutor a linguagem da Dança-Teatro e valorizando a história de cada integrante. 


A Dança promove essa conexão entre diversos contextos, seja por meio da arte, se perpetuando por diversos territórios, de formas e influências diferentes. Acreditamos que esta linguagem da CCM potencializa o nosso estudo e processo artístico pedagógico com a formação de nossos intérpretes-criadores, para sejam protagonistas no universo artístico ou em sua vida cotidiana.

Neste pilar também encontramos ações como cursos fornecidos pelo grupo, que são estratégias de sustentabilidade da companhia, mas que também geram uma aproximação com o seu público, como o programa de oficinas “Dança Comigo?”, desenvolvido por artistas convidados para promoção de aulas teóricas e práticas de dança, e do curso “Da cabeça para o papel”, iniciativa que visa convidar produtores culturais, gestores de cultura, críticos de arte, para compartilharem sua experiência com jovens produtores culturais, que estão aprendendo a promover a escrita de seus projetos. Assim como a formação continuada com o próprio elenco integrado nas construções de parcerias, dando suporte técnico, artístico e de sensibilização para a construção dos espetáculos do Grupo Corpo Molde.

 

ARTE, CULTURA E POLÍTICAS PÚBLICAS | Este pilar é focado no desenvolvimento do intérprete-criador(a/e) junto com a criação artística, visando desde a sua atuação em espetáculos de dança, até seu processo formativo promovida pelo Grupo Corpo Molde, se correlacionam com as articulações na cidade de São Paulo. Neste pilar se encontram questões latentes dentro do setor cultural, sustentabilidade artística, produção, difusão, análise do setor cultural, assim como o processo de democratização e acessibilidade por meio da dança e para além dela. Através deste olhar, trazemos o termo “corpo-espetáculo”, para que a partir das criações artísticas, ele(a/x- intérprete) reverbere além da técnica da dança, mas também refletindo sobre o entorno da temática da criação, como também o seu aspecto social, cultural e econômico, enquanto ferramenta crítica.

 

Neste pilar temos a realização de eventos que promovem debates que sejam voltados à cultura, como o “TROCA EM CENA”, que tem objetivo de trocas de produções de espetáculos com artistas convidados (as/es), e que também traz o debate sobre as diversas culturas existentes em nossa sociedade, abrindo a discussão sobre a articulação, difusão, impacto social, política e econômico, a partir da visão cultural e do reconhecimento dos meios de criação artística e o evento "Arte, Cultura e Sobrevivência", que tem enquanto objetivo discutir o processo de democratização e acessibilidade dentro do setor cultural, por meio do acesso a editais, fomento, programas de leis de incentivo, dentre outros impasses vivenciados dentro da área cultural. Neste tópico também se encontram as articulações do Grupo Corpo Molde, enquanto engajamento e envolvimento aos movimentos artísticos da cidade de São Paulo, integrando e sendo um dos núcleo fundadores, do Fórum de Dança(s) da Zona Sul & Sudoeste, assim como participando ativamente das atividades e discussões dentro da Cooperativa Paulista de Dança. Neste pilar integrado a este projeto, também trazemos um olhar para “Escritas Sensíveis para Dança”, retornando a importância e a relevância da escrita para dança para promoção de aproximação do artista com o público leitor.

 

HISTÓRIA & MEMÓRIA | Aborda com evidência o reconhecimento de histórias e trajetórias de artistas da cena da dança. A partir da iniciativa do Programa “CENA”, premiado na IX edição do Denilto Gomes, que tem como objetivo aproximar referências da dança cênica brasileira com o propósito de compartilhar sua história com o público, demonstrando a pluralidade e diversidade existe nos meios de produção e difusão da dança da cidade de São Paulo e em parâmetro nacional. Dentro deste pilar também se insere o projeto da Biblioteca da Casa CM, do qual em parceria com o IBEAC- Instituto Brasileiro Estudos Apoio Comunitário Queiroz Filho- nos auxiliando na construção do acervo de nossa biblioteca que atualmente possui 230 obras literárias que transitam por diversas linguagens e gêneros, assim como cerca 31 documentários sobre dança e pesquisa sobre corpos(as/es). Este rico acervo amplia o nosso repertório de pesquisa e promove o reconhecimento das múltiplas linguagens e responsabilidades na construção de uma memória para além da dança e do saber sensível de forma presente. Neste pilar também encontramos projetos em desenvolvimento como o projeto de “Manutenção da Cultura Popular Brasileira”, que tem como objetivo realizar a aproximação de artistas, pesquisadores e a comunidade, para conhecerem mestres e mestras da cultura e das danças brasileiras.

ATUAÇÃO SOCIAL | Temos ações que promovem contextos presentes na história de formação de nossa sociedade que precisam ser repensadas, como o programa “Dentro de Cada Um” que discute as rupturas que precisam ser realizadas em nossa sociedade, perante o reconhecimento da memória da luta feminista e do mulherismo, pela garantia de seus direitos em nossa sociedade, trazendo em pauta temáticas necessárias para a construção de uma sociedade mais plural. Dentro deste eixo também se encontro a iniciativa "Dança Social: Do Contra-Ataque da Guerra Sobrevive a Arte", a proposta ganhou corpo após a nossa primeira edição do fomento por meio do projeto "SAPIENS", sendo um destaque de nossas ações criando parcerias com instituições sociais, centros universitários e escolas estaduais e municipais, a fim de aproximar estas redes com a linguagem artística da dança, visando um diálogo entre a rede da educação, assistência social e cultura. As palestras promovem reflexões sobre a construção do acesso e a democratização dos meios de produção cultural da cidade, assim como a compreensão da inserção das iniciativas culturais no território e a importância da integração aos educandos(as/es), equipe técnica sócio-assistencial e educacional aos equipamentos de cultura da cidade. Dentro deste eixo também se demonstrou uma nova necessidade para nós, a partir da experiência do projeto "SAPIENS", compreendemos que cada vez mais o setor cultural precisa pensar em iniciativas que contemplem todos(as/es) públicos, após a integração do nosso espetáculo anterior "SAPIENS", reconhecendo essa importância de repensar como introduzir políticas afirmativas para a construção dos nossos espetáculos, optamos por teatros com acessibilidade- para PCDs-, assim como a partir da experiência do projeto anterior-, a integração da LIBRAS na produção de nossos espetáculos e futuramente a áudio descrição em nossas produções.

SAÚDE E BEM-ESTAR | Por uma prática para além da dança, é necessário se pensar nos tempos atuais, no desenvolvimento de uma vida mais saudável, seja por meio do corpo em movimento ou em estado estático, para isso o diálogo que temos a se pensar neste pilar, são os encontros com a Facilitadora de Comunicação e Emocional Cris Yonezaki, que trabalha as necessidade de planejamento de carreira dos(as/es) intérpretes-criadores(as/e), e também desenvolve iniciativas de meditação guiada, trabalhando as questões tão necessárias da saúde mental e psicológica. Dentro deste eixo temos também a atuação do Rodrigo Cândido, - onde além de Ensaiador e Formador Parceiro-, também nos auxilia na manutenção dos(as/es) corpos(as/es), por meio de técnicas de massoterapia junto ao elenco.

SUSTENTABILIDADE | Nosso último pilar é direcionado ao eixo sustentabilidade, por meio deste promovemos o diálogo sobre como sustentar um espaço de cultura independente (CASA CM) e repensando iniciativas mais autossustentáveis, enquanto uma companhia de dança, e também que gerem menores impactos ambientais. Dentro deste eixo temos na Casa CM - espaço de cultura independente aberto no final do ano de 2021 e que foi possível por meio do projeto "SAPIENS" contemplado na 30ª edição do Fomento à Dança-, algumas iniciativas ambientais, como: utilização de canecas- dispensando a utilização de copos descartáveis-, refletores de led (com captação de energia solar), e também a inserção de plantas em todos os ambientes. Enquanto cia de dança, desde 2021 sanamos a necessidade de material gráfico impresso, como: flyers e folders - disponibilizando o acesso a todo esse material de modo digital, incentivando a política de utilização do QRCODE, diminuindo a circulação de papéis descartáveis na cidade. Se estabelece neste pilar também iniciativas que visam o incentivo a coletivos(as/es) parceiros do Grupo Corpo Molde, no auxílio na escrita de projetos culturais, fornecendo ferramentas e potencializando outros grupos a serem contemplados por meio dos editais da prefeitura ou estado, com objetivo olhar as questões latentes presentes em nosso setor cultural e a pergunta que nos ronda enquanto artistas na cidade: “Como sobreviver do nosso fazer artístico?”.

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Reconhecemos que enquanto uma companhia de dança, também temos a responsabilidade de trazer pautas importantes não apenas para nós, mas que dialoguem com a nossa contemporaneidade, por este motivo sempre falamos que “Somos CM , a Arte da Corporificação”. E por sermos e termos essa essência de reconhecer a nossa identidade e valorizarmos o nosso processo de corporificação, que não poderíamos fugir de algo que nos tem sido apresentado latente em nossa necessidade formativa, artística e cultural, presente em nossa história e na construção da memória da sociedade, da qual sobrevivemos as interferências que foram construídas ao decorrer dos anos e que nos impactam em nossa contemporaneidade para criar, sustentar, resistir para alcançar uma produção em dança.

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